segunda-feira, 3 de maio de 2010

Guildas

Todos tem que ganhar seu pão, caríssimos. É nossa sina conquistá-lo com o suor de nosso rosto que, nestes trópicos, corre em abundância mas nem por isso ganha-se mais.

Quem trabalha protege seu ofício com unhas, dentes, espadas, armaduras, canhões e o que mais houver. Relutantemente junta-se com colegas em guildas e associações. Relutantemente digo pois lá dentro brigam mais do que do lado de fora.

Neste último sabbath estava este pobre náufrago a planejar ócio e folguedos apropriados ao dia da labuta quando foi interrompido ainda em sonhos pelas considerações de um representante desses grupos em altíssimo som e sem que se entendesse palavra. Estaríamos em Cathay, Cipango?  Não era por aqui mesmo e o indivíduo esgoelava-se. Outros vieram, tão altissonantes, histéricos e ininteligíveis quanto o primeiro.

Findo o deblatério e estando a recuperar  humor e sonhos, a catadupa sonora alternou para a má música em volume superior à canhoada de galeotas.  Isso durou horas, levando os dois habitantes do covil ao desespero.

Mais tarde soubemos que a própria pessoa escolhida para defender os infelizes habitantes deste local - o burgomestre - estava mancomunado com os tais vilões. Passeou com eles pelas praias!

O que faz então um indefeso pagador de impostos? Arma-se da pena e expede reclamações e insultos a quem conseguir e foi o que fiz.

Os covardes ainda não responderam, mas que saibam eles que nós e nossos vizinhos não mais votarão neles.

Um comentário:

Célia Schultz disse...

Quanta lucidez e criatividade! Já sei onde virei quando quiser refletir ...