segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Terei coragem, caríssimos e bissextos leitores, para voltar a tomar da pena de ave desconhecida, molhar sua ponta na fina tintura de urucum e ferir este pobre pergaminho novamente?  Tanto tempo faz. De lá para cá pouco mudou exceto o incessante deslocamento dos cidadãos locais em busca de onde imobilizar suas enormes e sinistras carruagens metálicas. Como já não há lugares ficam eles a circular incessantemente enquanto o Burgomestre planeja como tornar sua vida ainda mais difícil.

Estive por aí, a considerar as outrora límpidas areias de Camburi de minhas sandálias de couro já ressecadas pelo sol inclemente. Vez por outra alguma curiosidade despertava meu torpor: ora uma garrafa quebrada ansiosa para acolher um pé incauto para que a mãe-terra lhe sorvesse o sangue; ora simplesmente sujidades de tal modo detestáveis que meu Rei me faria degredar para lonjuras terríveis se ousasse descrevê-las. Contudo, após meu naufrágio e a prazerosa distância distância que me separam das plagas saxônicas, criei certas coragens e ouso avançar que o que mais me espantou foram certas obscenidades parecidas com águas-vivas falecidas mas que à vista mais próxima determinavam-se como envólucros de fluidos corporais. Decerto os mais espertos sabem do que se trata e rogo aos céus que os menos esqueçam do assunto incontinenti.

Chove e faz sol em horas erradas de vez que um impertinente governador-geral desta enorme extensão de terra anos atrás julgou de bom alvitre brincar com os ponteiros dos relógios e dessa maneira atrapalhar o máximo possível de seus governados.

Será que a finalidade última dos governantes seria essa, caríssimos?  Descobrir o que possa nos alegrar para cruelmente nos alijar de tal?

Aflito, retirar-me-ei à minha alcova para densa meditação e goles de rubiácea efervescida.. Doem-me os miolos de com força...