sexta-feira, 30 de abril de 2010

Matracas

Hontem - e novamente presto homenagem à ortografia tradicional - fomos parar em casa de espetáculos para prestar homenagem a grandes menestréis que mimam nossos ouvidos desde antes de os termos.

Estupendos cantores, em uníssono. Quase perfeição não fora a tradicional e maciça afluência de grosseiros ébrios convencidos de que o espetáculo de suas detestáveis pessoas fora mais importante.

Caríssimos, são esses os poucos momentos em que tenho vontade de sair desta ilha a nado.  Não somente é desagradável como profundamente indelicado para com artistas refinados que nada pedem além de lhes respeitarmos a arte. É uma rua de mão dupla, meus herdeiros, eles entregam o tesouro de suas vozes e em troca nós prestamos atenção. Ninguém é obrigado a comparecer ao concerto e se esses vilões acham que por pagar alguns trocados, que os sustentam modestamente, estariam no direito de posse sobre as criaturas, no direito humilhatório, estão enganados. Fico profundamente envergonhado com essa constante falta de hospitalidade local a cantadores vindos de longe para dividir conosco seus raríssimos talentos; ainda mais com a sensibilíssima alma de artista.

Que tropecem e caiam numa das inúmeras crateras cuidadosamente cavadas pelos contratados do senhor Burgomestre. E que após a queda lá permaneçam, criando toca, que é o seu lugar.