sábado, 2 de dezembro de 2006

Logo depois


Foi grande a aflição, queridíssimos leitores, ao tentar atravessar uma rua pela primeira vez. Foi ali na Desembargador Santos Neves da época que, de tão tranqüila, a prefeitura abandonava caçambas de lixo nos retornos a fim de juntar ratos e baratas que de outro modo infestariam esgotos. Eventualmente era depositado lixo ali e mais eventualmente ainda esse lixo era colhido.

Pois fui atravessar exatamente na altura de um desses retornos e ali dei-me conta de uma particularidade local que perde-se com velocidade: a mudança sutil e localizada da mão de direção. Uma dessas leis não escritas, mas cumpridas à risca pelos nativos. Dirige-se pela direita como em todo o território nacional exceto nos retornos. Ali imperava a mão inglesa! Olhando para o lado direito, quase fui atropelado por ágil Kombi cujo motorista, ao trafegar à bretã, ainda tratou de tentar educar-me: "tá doido?". E foi minha segunda revelação !
A Kombi pertencia à ainda existente, graças aos céus, Sociedade de Assistência à Velhice Desamparada. Seria esse um oxímoro, um paradoxo ou um sintoma?
A tal sociedade ainda existe e suas Kombis andam para cima e para baixo naquela aflição de não perderem tempo ou mais e mais velhinhos serão desamparados a qualquer momento: os tais velhinhos que mesmo sendo assistidos pela tal Sociedade teimosamente continuam a dizerem-se desamparados, os ingratos!
Deitei ao mar garrafas e garrafas com mensagens não de socorro pois este náufrago aqui vive muito bem, mas com apelos à constatação a ímpar associação de conceitos vicejando tão e somente nesta ilha!

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